quinta-feira, 28 de julho de 2011
melodrama 38º
Fazer o quê? Se a gente teima em escrever quando não devia, em dizer o que não pensou - ou o que só passou a pensar depois que disse. Fazer o quê? Levantei-me, peguei um táxi e pedi ao motorista que me conduzisse até o hospital. E quando o melodrama faz parte do seu sangue tudo o que poderia ser apenas levemente desagrádavel se torna um vislumbre da morte. Sim, é exagero. Fazer o quê? É o corpo que aprendeu a temer paredes brancas, a retesar-se com o cheiro de éter. São as mãos que ficam frias diante das agulhas. Não sou eu. Eu sei que não é preciso ter medo. Eu sei que se sobrevive e se continua. Eu sei estar só e sei pedir socorro. Mas, às vezes, tudo escapa. Fazer o quê?
sexta-feira, 15 de julho de 2011
sueños hay que verdad son
Não escrevo mais porque escrevo muito. Escrevo enquanto ando e perco as palavras para elas não sobrarem comigo.
Eu aprendi a apagar as luzes para ficar sozinha no escuro. Longe da luz se é mais só. O corpo estendido em lençóis brancos é mais corpo porque faz escuro. Faz tempo que eu não vejo nada.
A estrada é a mesma - eu sei - e havia nela o mesmo azul. Eu era outra. Não era.
Continuo cantando para não sobrar silêncio. O que foi uma vez continua sendo.
Sem lâmpadas dá para ver o dia terminar. O peso que se dobra sobre mim e me verga os ossos sou eu mesma. O teu nome não está na minha boca, mas como é difícil cuspi-lo.
Eu aprendi a apagar as luzes para ficar sozinha no escuro. Longe da luz se é mais só. O corpo estendido em lençóis brancos é mais corpo porque faz escuro. Faz tempo que eu não vejo nada.
A estrada é a mesma - eu sei - e havia nela o mesmo azul. Eu era outra. Não era.
Continuo cantando para não sobrar silêncio. O que foi uma vez continua sendo.
Sem lâmpadas dá para ver o dia terminar. O peso que se dobra sobre mim e me verga os ossos sou eu mesma. O teu nome não está na minha boca, mas como é difícil cuspi-lo.
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