segunda-feira, 16 de novembro de 2009

na estrada

Minha saudade é uma fraude. Evoco um passado inventado, edulcorado, coberto de tons e matizes que eu inventei. Não sei as palavras que queria e sinto tudo como se uma névoa espessa me cobrisse. A lembrança de uma estrada empoeirada em uma tarde de sol, uma tarde coberta de tédio, me é mais cara do que tantos afetos e tantas coisas que foram ditas e vividas. Naquela tarde, enquanto o ônibus seguia, todos dormiam e eu estava sozinha, olhando a paisagem seca passar. Não sei ser só. Não sei estar com niguém sem não me sentir uma falsificação de mim.

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