quarta-feira, 14 de julho de 2010
das ilusões perdidas
Tinha delírios infantis com o Jornal do Brasil. Nas viagens dos Figueiredo de Menezes à antiga capital da República, sempre que passava diante do prédio imenso da redação, imaginava-se adulta, repórter, sentada cheia de fleuma diante da máquina de escrever. Para levar a cabo o plano, seu primeiro passo, aos nove anos, foi convencer a mãe de que a datilografia convinha mais ao seu physique du rôle do que o balé. Mas seus percalços estavam apenas por começar. Depois de cinco amargas lições com a Olivetti, foi devolvida pela professora à mão materna com a sentença definitiva: “ela é incapaz, minha senhora”. Ontem, passados mais de vinte anos, viu seu sonho de menina ruir de vez com a notícia da morte do velho JB. E ela, quem diria, acabaria mesmo é no Limão.
terça-feira, 6 de julho de 2010
a velha senhora em sua visita à antiga capital da República
Seria capaz de pagar só para ter companhia no almoço de hoje. Nunca li tanto jornal durante as refeições. E foi assim também no domingo, em minha passagem relâmpago pelo antigo estado da Guanabara. Abandonei o nababesco desjejum do hotel, a vista para o mar de Copacabana, só para passar a manhã entre xícaras naquele café do parque Lage. E lá fiquei, espremida entre as páginas de O Globo _com debates dos presidenciáveis e as querelas políticas de costume_, a entrever pelo canto do olho, a assistir como espectadora acomodada à plateia, ao jeito carioca de ser feliz.
Muitos sorrisos, crianças rosadas em profusão, sol. E eu a me perguntar: como é que essa gente faz para viver nessa cidade? Como é que se chora, como é se sofre no Rio de Janeiro?
Muitos sorrisos, crianças rosadas em profusão, sol. E eu a me perguntar: como é que essa gente faz para viver nessa cidade? Como é que se chora, como é se sofre no Rio de Janeiro?
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