quarta-feira, 14 de julho de 2010

das ilusões perdidas

Tinha delírios infantis com o Jornal do Brasil. Nas viagens dos Figueiredo de Menezes à antiga capital da República, sempre que passava diante do prédio imenso da redação, imaginava-se adulta, repórter, sentada cheia de fleuma diante da máquina de escrever. Para levar a cabo o plano, seu primeiro passo, aos nove anos, foi convencer a mãe de que a datilografia convinha mais ao seu physique du rôle do que o balé. Mas seus percalços estavam apenas por começar. Depois de cinco amargas lições com a Olivetti, foi devolvida pela professora à mão materna com a sentença definitiva: “ela é incapaz, minha senhora”. Ontem, passados mais de vinte anos, viu seu sonho de menina ruir de vez com a notícia da morte do velho JB. E ela, quem diria, acabaria mesmo é no Limão.

Um comentário:

I'm not interesting disse...

a s d f g (espaço)h j k l ç(espaço)

Fiz aulas de datilografia também. E também não tinha remédio, mas lá ganhavam o seu dinheiro e me deixavam martelando sozinha, ao som de uma rádio FM tocando algum hit do Duran Duran. Aliás, todas as minhas lembranças musicais da década de 80 vem das aulas de datilografia. Fiz um ano inteiro de rádio Transamérica e Jovem Pan. O fechamento do JB - que na minha cabeça de criança era o irmão do Estadão - só afasta mais ainda minha lembrança do barulho ensurdecedor das máquinas na redação. Era de uma beleza, menina! Queria ter visitado mais meu pai no Limão.