sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

a velha senhora passeia desacompanhada pela Barão de Itapetininga

As obrigações de ocasião não deixam tempo para flanar pela cidade, andar a esmo pelos lugares que gosta e traz presos à memória. São pequenos cantos de pequenas ruas, são esquinas e praças e vitrinas. São pedaços tão vivos na lembrança que daria mesmo para esquecer que não passava por ali fazia uns tantos anos.
Descobre que ainda há engraxates no centro da cidade. E ambulantes a vender quinquilharias. Há mulheres, de unhas longas e vermelhas, que fumam recostadas no poste, alheias. E pedras, que desde sempre estão soltas na calçada para gente tropeçar. Dentro da galeria, no fundo de um corredor, a velha livraria também persiste. Os títulos nas lombadas dos livros, todos em francês. O chão róseo de mármore.
E deixa de andar um instante para tentar imaginar que impressão teria agora se olhasse tudo pela primeira vez, se aquela visão não estive impregnada a tantas outras, perdidas no tempo. Se aquelas não fossem as ruas em que foi feliz com ele. As ruas nas quais foi igualmente infeliz, com e sem ele.

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