terça-feira, 27 de setembro de 2011

moto contínuo

Parece só repetição. Há, então, o enjôo de sentir. E o enjôo por sentir de novo. Por mais uma vez ter vontade de esquecer e caminhar só ao fim do dia.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

volta para casa

Havia o caminhão. Parado rente à calçada, tomado de pedaços de tronco, de folhas caídas e restos de mato. Havia barulho. O som da serra cortando. Dos homens que gritam, como a saudar cada galho que tomba. É um medo. Um frio na palma das mãos até saber se a árvore que vai embora é a minha. Existe a vertigem de imaginar a paisagem nua. Tudo tão cru e tão claro. Existe o instante que antecede a perda.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

teoria do drama burguês

Escapa-se do vício. O que não quer dizer que o vício escape da gente. Basta um estalo, e eis o silêncio tornado em tempo de reverência. As palavras viram só ensaios do que não se pôde dizer. Os gestos, as mãos, a pele: é tudo um remendo inútil do que não é mais. Um afeto torto, uma febre morna, um pedaço de carne que definha devagar.