Pensei em não começar porque sabia que não tinha um fim para essa ideia. É um costume de escolher primeiro as últimas palavras. De saber terminar um texto antes de ter um esboço do início.
Mas talvez fosse tolo desperdiçar a sensação que trago agora, que talvez não me leve a dizer grande coisa. E, por fim, também não seria justo me negar o gosto de rememorar essa história quase sem sentido.
Sentada em uma arquibancada do colégio, de costas para a quadra e para o jogo de basquete do qual eu deveria estar participando. Tentava decorar um texto. Valsa n 6. Acho que era Valsa n 6. E duas meninas passaram atrás de mim e riram. Devia ser mesmo um tanto ridículo.
Tudo me surgiu, porém, como um misto de vergonha e orgulho. Uma prova de não ser uma igual. Um certificado de inaptidão para aquela vida, um salvo-conduto para a liberdade. Um traço infantil que teimo em sublinhar quase diariamente na minha maledicência, tantas vezes encenada, na minha intolerância, criada e reafirmada. Na minha indignação, um tanto falsa.
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