quinta-feira, 4 de junho de 2009

frio com sol

E então, no meio da tarde fria, uma tarde fria com sol como só as melhores tardes sabem ser, me permiti escutar "I Should Care", com Chet. Na volta de um dos almoços nesta semana, almoços apressados, falamos dos discos do Chet Baker. E das músicas em que ele canta. Nem precisava, mas ele canta. E eu dei para ouvir os discos velhos do Chet logo ao acordar, tomando chá. E antes de dormir.
Mas a música no meio da tarde tinha um motivo. Era para embalar a mudança. Mudança de mesa, de cadeira, de chefe, de lado na redação. Era para me dar ânimo para recolher os papéis espalhados, as dezenas de livros que foram se acumulando, os jornais antigos com aqueles textos que eu não li ainda, mas sei que preciso guardar para ler um dia, as coisas inúteis que coleciono _ uma fita do senhor do Bonfim, um porta-lápis com o desenho de um faraó, uma bola cheia de água com um papai noel e purpurina a imitar a neve.
Preciso preparar um manual para o meu sucessor, cuidar das estreias da próxima semana, marcar as entrevistas para minha nova matéria, na "casa" nova. A música não deixa. "The Song Is You" parece a canção certa para se passear de carro conversível vermelho no fim da tarde em montanhas da Itália. Muito vento, um grande lenço azul para segurar os cabelos. Tudo com aquela cor, aquela aura que só os filmes dos anos 50 têm.

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