domingo, 14 de junho de 2009

domingo

Acordo sobressaltada com o telefone que toca cedo. Medo de ter perdido a hora, de acordar em um dia desconhecido, em um futuro em que não sei me mover. Temo a proximidade da morte, os seus redemoinhos. A cabeça lateja sem trégua e as nuvens entrevistas pela fresta da grande porta de vidro são a única esperança de alívio.


"Tempo do corpo este tempo, da fome
Do de dentro.
Corpo se conhecendo, lento,
Um sol de diamante alimentando o ventre,
O leite da tua carne, a minha
Fugidia.
E sobre nós este tempo futuro urdindo
Urdindo a grande teia.
Sobre nós a vida
A vida se derramando. Cíclica. Escorrendo".

Hilda Hilst - Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão

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