sábado, 8 de agosto de 2009

claridade

É uma manhã muito clara. Tão clara como me agrada que sejam as manhãs. Todo o verde da árvore é simples e a luz que toma a casa me dá ânimo para repetir que está tudo bem, que até aqui, está tudo bem. Dormi um sono inquieto. Com muitos copos de água para acalmar a sede da noite inteira. Um gosto de sal, uma ansiedade que me faz retorcer as mãos e não saber se está frio ou calor embaixo dos lençóis. Às vezes, sinto-me muito só. Sem vontade de amanhã, sem lembranças que me façam companhia, com um desejo de que nada aconteça. Bastava a manhã, o sol, a música. Nada dessa ânsia um tanto tola por entendimento, dessa tentativa de devassar o avesso, de se mostrar para além da pele, do corpo. Que mal há em não ser nunca descoberto? Se posso ficar em silêncio e crer no meu mistério. E chega, que já me confessei demais.

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