domingo, 9 de novembro de 2008

dormir

Às vezes, viajávamos até essa praia, sem calçada defronte, sem asfalto por perto, sem guarda-sóis ou cadeiras de plástico. Em verdade, era só uma prainha, um tico de água salgada espremido entre duas pedras. Atrás de nós, atrás do mar, havia umas tantas árvores. Não me lembro ao certo como eram, não sei ver a cor ou o desenho das folhas, mas posso encontrar ainda bem viva na memória a sombra imensa que faziam.
Quando íamos a essa praia, de tarde, eu sentia tédio. A maré subia, a água cobria as pedras, e apagava todos os nomes que eu gostava de escrever com os dedos na areia. Não me lembro de nenhum pôr-do-sol, nenhum fim de tarde. Só da água subindo e daquela sensação de fim. Não havia mais quase areia, o que fazer, para onde ir.
Nunca quis voltar lá e ver o mar tomar tudo. Mas hoje tive o súbito desejo de me deitar em uma rede azul que ficava armada, supensa entre aquelas árvores, na sombra larga diante do mar. Só dormir diante daquele mar da infância e não acordar quando houver luz. Nem depois.

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