quarta-feira, 5 de novembro de 2008

arpejo

Posso ouvir a pergunta na minha voz enjoativa. Eu respondo que não. Não estou pensando em você. Não é no seu nome que eu penso quando está escuro e a grande árvore diante da janela ocupa a casa inteira. É só uma imagem que insiste em aparecer, é só a cor da sua pele que eu, desastradamente, aprendi a querer. Vamos passear pelo jardim? Dar voltas em torno do quarteirão? E você promete que respira perto de mim no escuro da sala de cinema?
Volto às mesmas sensações, repito durante o sonho que meu desejo é só mais alguma das minhas bobagens pueris, sem sentido, sem razão. Mas daí me assalta a lembrança das suas mãos, dos seus olhos, imensos, translúcidos, e todas as minhas divagações sobre motivações neuróticas, as incontáveis explicações razoáveis que construí, não valem mais nada.

3 comentários:

I'm not interesting disse...

Lindo, isso.

lufec disse...

escreve um livro pra gente ler? e ler e ler e ler e ler?

marcella franco disse...

"E você promete que respira perto de mim no escuro da sala de cinema?"

intenso.