quarta-feira, 26 de novembro de 2008

história de quinze dias

Repetidas vezes não sei como começar. Não descubro uma primeira frase para o texto, não consigo encontrar um jeito de dizer. Por isso resolvi trazer o livro e deixar na minha mesa, ao lado dos compêndios de teatro. Quando a sensação de estar perdida volta, eu recorro ao volume de capa dura, papel jornal, páginas amareladas.
Ao folheá-lo hoje, dei com a crônica "Aquiles, Enéias, Dom Quixote, Rocambole". As palavras todas perfeitamente encadeadas, tudo tão simples e claro. Mas, eis que na página seguinte despontam as pétalas secas de alguma rosa vermelha que devo ter guardado ali há alguns anos. Parei de ler para pensar em quanto gosto das flores que guardo dentro de livros, em quanto gosto de descobri-las assim, por acaso, e, quando retornei à história, percebi no pé da página, página 72, a frase que resolvi guardar para o dia: "Ao cabo, tudo é admirar".

Voltei então para a página em branco, para me entregar às tarefas diárias mesmo sem inspiração.

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