Posso ouvir a pergunta na minha voz enjoativa. Eu respondo que não. Não estou pensando em você. Não é no seu nome que eu penso quando está escuro e a grande árvore diante da janela ocupa a casa inteira. É só uma imagem que insiste em aparecer, é só a cor da sua pele que eu, desastradamente, aprendi a querer. Vamos passear pelo jardim? Dar voltas em torno do quarteirão? E você promete que respira perto de mim no escuro da sala de cinema?
Volto às mesmas sensações, repito durante o sonho que meu desejo é só mais alguma das minhas bobagens pueris, sem sentido, sem razão. Mas daí me assalta a lembrança das suas mãos, dos seus olhos, imensos, translúcidos, e todas as minhas divagações sobre motivações neuróticas, as incontáveis explicações razoáveis que construí, não valem mais nada.
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3 comentários:
Lindo, isso.
escreve um livro pra gente ler? e ler e ler e ler e ler?
"E você promete que respira perto de mim no escuro da sala de cinema?"
intenso.
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