Era difícil dormir. De vez em quando ia até a janela para ver se já havia amanhecido. Mas estava escuro ainda. E o remédio era continuar na cama até as 6h, fazendo um esforço, sempre inútil, para não pensar em nada e pegar no sono.
Na hora marcada, o ônibus estava no pátio. Pais plantados diante das janelas para se despedir. Mas eu sempre ia sozinha, então ficava olhando as mães alheias com sua infinidade de recomendações e acenos de mão. Todo ano, o caminho era o mesmo, o passeio até Santa Izabel era sempre o mesmo. E nisso estava a graça. As crianças falavam, gritavam e cantavam coisas tolas, que eu insistia em recriminar.
Entre resmungos, pedia para ir à janela e ficar vendo a subida da serra, as montanhas. Em um ponto da estrada havia uma fonte de água mineral. Famílias paravam os carros para encher suas garrafinhas. E eu ficava esperando a fonte aparecer. Sabia que logo depois da curva viria Vista Linda, um mirante no alto de um morro, cheio de chalés horrendos e umas poças de água que eles chamavam de lagos. Era feio, feiíssimo e eu adorava.
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