Foi pela avenida Ipiranga que o ônibus passou. As crianças penduradas às janelas, os gritos. Meu saudosismo flagrante mostra-me que envelheço mais depressa, sempre mais e mais.
O destino de nossa excursão anual era uma vila nas montanhas, bem perto de Domingos Martins. Ficava quase à beira da rodovia e era um povoado de uma rua só. Bem à entrada, estava uma grande casa de padres, na qual passaríamos o dia inteiro. Descíamos do ônibus direto para um pátio onde nos serviam o café da manhã. Uma bacia plástica com fatias de pão de forma. Vidros transparentes cheios de mel. Potes de margarina e garrafas térmicas com café e leite. No final da mesa, ficava uma panela grande de alumínio, cheia de canjica.
Depois, era hora de ir à capela. As paredes esverdeadas guardavam imagens dos santos e bancos envernizados de madeira. Quase ninguém gostava dessa hora. Mas a pequena devota que eu fui, ressentia-se das risadas e cochichos. Era a ansiedade incontida pelos banhos na piscina de cimento. O chão coberto de limo e a água gelada a não poder mais, que vinha de uma fonte no alto do morro.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
em casos muito extremos de desrespeito, eu batia nas crianças idiotas com a pochetinha da melissinha. não é da sua época. acho que eu também era assim, um pouco ranzinza...
Postar um comentário